Documentário catarinense faz parte de evento em Paris
“Sem
perder a ternura” é exibido em evento da Unesco
Por
Fabiane De Carli Tedesco
O
documentário “Sem Perder a Ternura”, protagonizado por um
estudante do Campus Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul
(UFFS),é exibido hoje, dia 18 de dezembro,noevento Dialogues
onEducation,da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO), em Paris, França.Dionatan Luis Plens
da Luz é acadêmico do Curso de Ciências Sociais.
Segundo a
assessoria de imprensa da UFFS, o documentário retrata a história
de Dionatan e de sua família. Ele nasceu em um acampamento do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na zona rural de
Abelardo Luz (SC), e sempre estudou em escolas com a pedagogia do
MST. Em 2009, a escola Semente da Conquista, do assentamento 25 de
Maio, da cidade de Abelardo Luz, onde Dionatan estudava, ficou em
primeiro lugar no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), entre as
demais escolas do município.
O acontecimento causou espanto na
população que criticava a escola. A produtora Plural Filmes, de
Florianópolis, sabendo do prêmio conquistado por uma escola com a
pedagogia do MST, elaborou um projeto, conseguiu os recursos e
produziu o filme.A experiência cotidiana de um jovem militante do
MST, que aos 17 anos deixa o interior, seus pais, seus amigos e o
lugar que sempre gostou de morar para estudar em uma universidade
federal localizada no município de Chapecó, também é retratada
pelo filme.O documentário “Sem Perder a Ternura” foi contemplado
no Prêmio de Realização Audiovisual da Fundação Catarinense de
Cultura (FCC).
Para Dionatan, o filme é um exemplo de superação
e retrata uma comunidade pobre e discriminada. “Não é apenas uma
realização pessoal: é uma realização coletiva. O MST é um
movimento marginalizado, sendo que a escola na qual eu estudava era
tida como a que tinha as piores notas. Quando alcançamos o primeiro
lugar no ENEM, o fato foi encoberto”, fala. Ele acredita que o
documentário é uma forma de dizer que as raízes não devem ser
perdidas. “As minhas raízes estão lá, foi lá que interagi pela
primeira vez com a sociedade.No assentamento vivem a minha família e
a minha cultura.”
Um dos planos de Dionatan é voltar para o
assentamento e ser professor. Ele quer fomentar a educação naquele
local, para que os jovens não precisem sair de lá para estudar.
“Vivemos na ótica do mercado. O Sistema Capitalista só vê o
dinheiro, que é colocado acima da vida humana. Não perder a ternura
é não perder as raízes. É voltar sem menosprezo para a sua
origem.”
“Hay
que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás!” Che Guevara
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